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Mais eficiente e produtivo, algodão brasileiro pode bater nesta safra a meta de 2030
07 de Janeiro de 2025Originário de regiões quentes e secas, o algodão é daquelas culturas que se adaptaram muito bem ao clima brasileiro. As 3,6 milhões de toneladas da pluma colhidas na safra 2023/2024 em 1,9 milhão de hectares, comprovam o sucesso da planta, cultivada principalmente no Centro-Oeste do pais. Alem do clima favorável, os investimentos em tecnologia e a melhora dos tratos culturais são elementos que compõem essa receita de alta produtividade. "Nos últimos 25 anos, a retomada aconteceu graças ao desenvolvimento de variedades melhor adaptadas ao clima brasileiro. O aumento do uso de insumos biológicos também contribui para esse crescimento", avalia o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero. O resultado é que o setor deve atingir já na próxima safra a meta estabelecida para 2030 e produzir 4 milhões de toneladas da pluma. A area plantada também deve ser 6% maior na temporada 2024/2025 e alcançar 2,1 milhões de hectares. A boa rentabilidade da cultura e um dos fatores que devem influenciar nesse aumento de área. "Está melhor que o milho, fazendo com que muitos produtores acabem optando por plantar algodão ao invés do grão", explica o analista de inteligência de mercado do Itaú BBA, Francisco Carlos Queiroz. Atualmente, o Brasil é o maior exportador do mundo, deixando para trás players tradicionais como os Estados Unidos. A quebra da safra norte-americana por conta das oscilações climáticas acabaram por favorecer o Brasil, que tomou a dianteira também na produção. "A recuperação da safra americana veio tarde e ficou aquém do esperado. No Texas, principal estado produtor, muitas áreas foram abandonadas", explica Queiroz. Para os próximos anos, mais do que ampliar a produtividade, o setor tem outros desafios: ampliar a demanda e equilibrar os custos. "Nos últimos anos sofremos com o aumento da concorrência da fibra sintética e por isso ampliar a demanda pela fibra natural se faz necessário para continuarmos a crescer na produção e nas exportações", avalia Portocarrero. Um aspecto favorável ao algodão esta na mudança de percepção dos consumidores, especialmente no mercado europeu, cada vez mais preocupados com o impacto do consumo e optado por produtos que priorizem a produção sustentável e a economia circular. "Nesse quesito estamos prontos, pois atendemos a todos os critérios do mercado, produzindo com sustentabilidade, com respeito às normas e ainda temos um produto natural que pode ser reaproveitado de diversas maneiras, com uma longa vida útil" detalha o executivo. Oferta e demanda alinhadas A estratégia para ampliar a demanda pelo algodão brasileiro passa pela abertura de novos mercados. Segundo Portocarrero, a demanda global por algodão está estável há anos entre 24 e 26 milhões de toneladas. Na safra 2023/2024, o Brasil exportou 2,8 milhões de toneladas. Com isso, os preços ao longo do ano oscilaram com tendència de queda, inclusive no mercado doméstico. "Além da relação entre oferta e demanda, a cotação do petróleo também influencia os preços da fibra natural, uma vez que as fibras sintéticas são o principal concorrente", explica Queiroz. Portocarrero explica que o setor tem condições de chegar a 5 milhões de toneladas produzidas até 2030, mas que esse estimulo à produção só será feito caso a demanda cresça proporcionalmente. "Não faz sentido ampliarmos a produção se o mercado consumidor não acompanhar esse ritmo", pondera. Entre os mercados consumidores do algodão brasileiro estão a China, Vietnä, Egito e Bangladesh. Somente os chineses compram cerca de 49% do produto brasileiro. Para a safra 2024/2025, a estimativa do Itaú BBA é que o pais compre 2 milhões de toneladas, volume 33% inferior as 3 milhões de toneladas da temporada 2023/2024. "Isso se deve principalmente à retomada da produção chinesa", analisa Queiroz. A İndia também faz parte da lista, com relevância cada vez maior, já que o volume adquirido do Brasil saltou de 8 mil toneladas para 70 mil toneladas em apenas um ano. "É um indicativo de que eles reconhecem a qualidade do nosso produto", avalia Portocarrero. Outro aspecto que pode turbinar a demanda pelo algodão brasileiro já no próximo ano é a tendência de que Donald Trump, presidente eleito nos Estados Unidos, faça um governo ainda mais protecionista em seu segundo mandato, impondo tarifas à importação. "Com isso, pode ser que eles fechem o mercado para os têxteis indianos, que, em retaliação, podem ir buscar plumas de algodão em outros mercados, principalmente no Brasil", pondera Portocarrero. Mercado doméstico O executivo explica que há perspectiva de aumento da demanda também no mercado doméstico, já que o consumo brasileiro de algodão tem se mantido estável na casa das 700 mil toneladas. "Podemos chegar a 1 milhão de toneladas já em 2030", calcula. Para tanto, ele considera que ações de engajamento e conscientização sobre a cadeia do algodão e os beneficios da fibra para a saúde e para o meio ambiente são fundamentais, "Também precisamos de uma politica de estimulo aos produtos nacionais e de um cenário onde haja aumento do poder aquisitivo e melhora da taxa de juros". Como exemplo, ele cita o projeto Sou de Algodão, iniciativa da Abrapa junto à indústria têxtil, designers e estilistas, chegando até os consumidores, levando informação sobre o setor. Atualmente mais de 1,7 mil marcas participam da iniciativa, com o compromisso de utilizar pelo menos 70% de algodão na composição de seus produtos. "Temos um mercado de 220 milhões de consumidores, nosso desafio é educá-los sobre as vantagens do consumo da fibra natural para a saúde e para o meio ambiente", afirma. Além do aumento da produção no campo, ele considera fundamental a modernização do parque textil brasileiro, ja bastante defasado. A perspectiva é de que as indústrias tenham mais crédito disponível para investir em renovação de equipamentos, já que em setembro o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinou o decreto que institui o programa de depreciação acelerada. O programa define as 23 atividades económicas - incluindo a indústria tèxtil que serão beneficiadas com créditos financeiros para a modernização do parque industrial. A primeira etapa prevê a liberação de R$ 3,4 bilhões para aquisição de máquinas e equipamentos até 2025, Controle do custo Os investimentos no uso de defensivos biológicos nos últimos anos estão contribuindo para a melhora da produtividade e competitividade do algodão. A titulo de comparação, enquanto a produtividade média por hectare nas fazendas brasileiras e de 1.900 quilos, nos Estados Unidos, segundo maior produtor, essa média é de 950 quilos. "Nosso desafio é seguir produzindo algodão de alta qualidade e manter a produtividade alta, reduzindo os custos, para que a conta feche", pondera Portocarrero. Na opinião do executivo, para que isso aconteça, será fundamental um programa de atração de investimentos para a produção de defensivos e moléculas no mercado brasileiro, além da desburocratização do processo de aprovação de moléculas mais modernas e eficazes para o uso no país. "Estamos em média oito anos atrás de outros países na oferta de moléculas". Ele considera a lei de defensivos, aprovada em 2023, fundamental para destravar a fila e contribuir para que o Brasil de o próximo passo rumo ao aumento da eficiência agricola. "Ter a produção local também contribuiria para a diminuição dos custos". A aprovação da Reforma Tributária pela Câmara, no último dia 17 de dezembro, é outro elemento que deve contribuir para melhorar a competitividade do setor, na visão do executivo. "É o ponto de reconhecimento do congresso sobre a importância do agrawegócio para o Brasil e demonstra a preocupação em contribuir para que sejamos cada vez mais eficientes e competitivos".
Especialistas veem 2025 como 'ano da diplomacia agrícola'
07 de Janeiro de 2025Renata Ferguson, grande produtora de soja e milho em Rio Verde (GO), acompanha de perto as novidades sobre as negociações do comércio exterior brasileiro.Para ela, os acordos internacionais definem o futuro de seu negócio, já que grande parte do que ela colhe segue para exportação. Em contraste, o jovem Natã Caetano, que cultiva hortaliças em São Miguel Arcanjo (SP) e abastece a Ceasa da capital paulista, afirma não dar muita atenção às discussões sobre o comércio global. “Eu não exporto, então isso não me afeta”, diz, para em seguida questionar: “Será que eu deveria?” Essa diferença de abordagens expõe de maneira didática o crescente debate sobre a influência da diplomacia agrícola e das regras do comércio internacional sobre as atividades de produtores rurais brasileiros de diferentes escalas. Para especialistas ouvidos pela Globo Rural, essas discussões serão uma das grandes tendências de 2025, quando devem sair da porteira e se alastrar por outras esferas da sociedade. Renata oferece treinamento a seus funcionários para que eles intensifiquem a adoção de práticas sustentáveis e, em outra frente, negocia com muitas empresas internacionais, das quais colhe ideias que mais tarde vão enriquecer a gestão da lavoura. A quase quilômetros dali, Natã não adota as mesmas práticas, mas precisa cumprir uma série de exigências para selecionar e armazenar o chuchu que colhe, além de manter o QR code de rastreabilidade para entregar a produção às centrais de abastecimento. Embora as características do trabalho dos dois agricultores sejam muito distintas entre si, ambos seguem rígidas regras de comercialização e, assim, cumprem tarefas que integram o conceito de diplomacia agrícola. Segundo Carol Pavese, professora de relações internacionais da Faculdade Belas Artes, o termo abrange tanto regras do comércio internacional e de abertura de mercados quanto diretrizes de segurança alimentar e manejo sustentável, independentemente do tamanho da área de cultivo. “A diplomacia agrícola é uma estratégia de relações internacionais para promover o agronegócio de um país no cenário global, consolidando mercados, negociando barreiras comerciais e fortalecendo a presença de seus produtos em regiões estratégicas. Ela envolve ações coordenadas entre governos, setor privado e organizações internacionais para aumentar a competitividade e a sustentabilidade do setor”, detalha a professora. Novo espírito do tempo Especialistas concordam que as regras do comércio internacional vão pautar ainda mais as reuniões de cooperativas, associações e entidades públicas do setor. Como parte desse novo espírito do tempo, desde 2023 o governo federal tem ampliado o número de adidos agrícolas, que atuam como representantes do Brasil em países parceiros; hoje, há 40 em ação. E, no campo, os produtores correm para ajustar suas práticas para, com isso, não perderem espaço (nem dinheiro). Há consenso de que o Brasil terá um papel diplomático de destaque, sendo o líder do Mercosul na defesa da agropecuária. Ao mesmo tempo, grandes exportadores e empresas de comercialização de commodities investem em tecnologias de rastreabilidade, automação e certificações. Já nas propriedades, a maioria dos pequenos e médios produtores dá prioridade a questões como crédito e recuperação financeira após um ano de muitos problemas climáticos. "Não temos tempo para pensar nisso. Precisamos plantar, colher e vender" — Natã Caetano, que cultiva hortaliças em São Miguel Arcanjo (SP) Quem exporta precisa lidar com um cenário de crescente protecionismo. Desde 1962, com a criação da Política Agrícola Comum da França, os países têm adotado medidas restritivas para proteger seus mercados. O professor Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global, observa que o Brasil tem respondido a essas barreiras com a criação de um arcabouço legal para retaliações formais, buscando defender interesses nacionais e manter sua posição estratégica no mercado global. Jank destaca que a resposta brasileira vai além da defesa comercial. "Estamos consolidando padrões que promovem a competitividade, enquanto enfrentamos desafios de barreiras não tarifárias" — Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global Segundo Carol Pavese, a padronização de normas internacionais de comércio também gera pressão sobre pequenos e médios produtores. “Essas exigências podem excluir quem não tem estrutura para se adequar, favorecendo grandes integrantes do agronegócio”, afirma ela. O contraste entre a família Ferguson e o jovem Natã ilustra bem essa realidade. Esforços de grandes e pequenos Enquanto grandes exportadores personalizam sua produção para atender a novos mercados, pequenos agricultores tentam atender às demandas locais de sustentabilidade. Cadeias como as de café e algodão lideram a corrida pela internacionalização. No primeiro semestre de 2024, o Brasil superou os Estados Unidos e tornou-se o maior exportador de algodão do mundo, em um dos resultados mais evidentes de programas como o CottonBrazil, liderado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e que tem apoio do Ministério da Agricultura. No caso do café, pequenos produtores têm se destacado com práticas sustentáveis. Na Chapada Diamantina, no interior da Bahia, por exemplo, Isabela Azevedo e Douglas Fagundes cuidam de uma agrofloresta em que produzem variedades de café arábica a 1,2 mil metros de altitude. Eles já exportam lotes exclusivos, mas sua produção ainda não alcançou escala que permita voos mais altos no mercado externo – a colheita na propriedade é manual e o trato diário requer muita atenção a detalhes. Só que o casal já cumpre diretrizes internacionais, tem recebido prêmios por seus esforços em sustentabilidade, usa apenas insumos biológicos e, além disso, busca financiamento para mecanizar parte da colheita. O casal já recebeu na propriedade comitivas internacionais interessadas nos microlotes exclusivos e, recentemente, criou a marca de cafés especiais Boa Vista, logo depois da conquista do selo de Melhor Café do Brasil, em 2018, concedido pela Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic). Eles estão de olho nas novidades da pesquisa global e mantêm “talhões-laboratório” para testes de manejo. Na Fazenda Boa Terra, que Isabela herdou de seu pai, Paulo Azevedo, eles trabalham para aplicar as boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) enquanto miram outros mercados. O conceito de diplomacia agrícola comporta ainda outras iniciativas do casal. A premiação, por exemplo, até hoje contribui para agregar valor ao grão no mercado doméstico e para projetar a marca do casal em outros países. Isso tem atraído mais visitantes, o que levou Isabela e Douglas a decidir fazer um dinheiro extra com o turismo rural. Aos visitantes, que recebem com hora marcada, eles apresentam informações históricas de tradição e cultura do vilarejo rural de Ibicoara (BA), onde fica a propriedade. Em novembro, o casal recebeu um grupo de australianos que começará a negociar a compra do produto por meio da cooperativa local, um modelo de negócio que ajuda a incluir pequenos produtores na rota da exportação. Efeitos sobre o Brasil Fim das negociações para o acordo UE-Mercosul lei antidesmatamento europeia, “efeito Trump” e guerras no Oriente Médio foram alguns dos acontecimentos que marcaram 2024 e que tiveram (e ainda terão) influência direta sobre o agro brasileiro. O debate sobre a correlação entre geopolítica e comércio agrícola está em alta, o que pode beneficiar o Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Só o livre-comércio entre Mercosul e União Europeia, por exemplo, pode gerar US$ 11 bilhões para a economia brasileira até 2040, segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). É verdade que os efeitos dessa novidade ainda vão levar um tempo para aparecer. No dia 6 de dezembro, os dois blocos anunciaram, em Montevidéu, no Uruguai, a conclusão das tratativas para a assinatura do acordo. O anúncio, histórico, levou 25 anos para ocorrer. No entanto, para entrar em vigor efetivamente, o tratado ainda depende de aprovações dos parlamentos locais. Em paralelo, o Brasil tem ampliado sua presença em mercados asiáticos para além de seu maior parceiro comercial na atualidade, a China. O avanço ocorre também no Oriente Médio, que, apesar das tensões decorrentes do conflitos na região, tem grande potencial e longo histórico de relações com o agro brasileiro.
Ministério da Agricultura reconhece 11 programas de certificação de boas práticas para concessão de crédito
07 de Janeiro de 2025O Ministério da Agricultura reconheceu cinco programas de certificação de boas práticas agrícolas ao longo de 2024, depois que foi criada a regra para a concessão de desconto no custeio rural de médios e grandes produtores. Antes, já havia reconhecido seis iniciativas em 2022 e 2023. Um dos programas aptos é o Soja Legal, desenvolvido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja-MT). A iniciativa estimula e capacita os proprietários rurais a adotarem ações de conformidade em eixos, como a qualidade de vida no campo e no trabalho, a gestão consciente da água, o gerenciamento de resíduos, as melhores práticas agrícolas, adequação ao Código Florestal, a viabilidade econômica da produção e a qualidade do produto. Atualmente, 1.250 produtores fazem parte do Soja Legal, dos quais 700 já têm o selo de conformidade. Segundo Luiz Bier, vice-presidente da Aprosoja-MT, 85 agricultores já foram cadastrados e poderão obter os descontos nos financiamentos assim que o sistema estiver operando. Os demais participantes deverão ser inseridos em breve. Bier acredita que poucos contratos serão firmados agora, mas diz que a medida é importante por reconhecer as adicionalidades ambientais e sociais dos produtores. “A nossa expectativa é que o produtor que realmente faz o dever de casa e que cumpre toda legislação ambiental seja reconhecido. Esperamos que não haja muita contratação nos primeiros meses, porque a safra já está rodando. O produtor vai começar a tomar crédito novamente a partir de a P&A Ltda, o Certifica Minas Café, da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, o Selo Mip Experience, da PROMIP Manejo Integrado de Pragas Ltda, e o Boas Práticas Agrícolas IBS, do Instituto BioSistêmico (IBS), já haviam sido reconhecidos pelo Ministério da Agricultura. Os programas avalizados no segundo semestre de 2024 agregaram mais de 900 produtores rurais ao rol de futuros beneficiários dos descontos. São eles: Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e Programa Algodão Brasileiro Responsável para Unidades de Beneficiamento (ABR-UBA), ambos da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa); o Certifica Minas, da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais; o Programa Selo Ambiental do Arroz Rastreado RS, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga); e o Protocolo de Sustentabilidade Cooxupé Gerações, da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé Ltda. Procurado, o Ministério da Agricultura não respondeu.
Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa
20 de Dezembro de 2024Destaque da Semana - Cotações caíram durante a semana, mesmo com bom relatório de exportação dos EUA. Fatores baixistas listados abaixo pesaram mais. Algodão em NY - O contrato Mar/25 fechou nesta quinta (19/dez) cotado a 67,91,09 U$c/lp (-3,1% vs. 12/dez). O contrato Dez/25 fechou em 69,12 U$c/lp (-3,0% vs. 12/dez). Basis Ásia - O Basis médio do algodão brasileiro posto Leste da Ásia é 800 pts para embarque Jan/Fev-25 (Middling 1-1/8" (31-3-36), fonte Cotlook 19/dez/24). Baixistas 1 - A expectativa de acirramento da guerra comercial entre EUA e China após a posse de Trump preocupa, pois pode prejudicar o crescimento global. Baixistas 2 - A grande depreciação do real frente ao dólar também é um fator baixista. Baixistas 3 - Cotações de soja em Chicago estão se aproximando da mínima de quatro anos e esse viés baixista tem contaminado o algodão. Altistas 1 - No último relatório do USDA, destaque para o aumento mensal tanto na demanda mundial quanto nas exportações. Altistas 2 - Nestes níveis de preço, é natural que produtores americanos busquem alternativas. Para remunerar o produtor, o algodão precisa estar acima de 80cents. China 1 - A China importou cerca de 110 mil tons de algodão em nov/24. Volume similar a out/24, mas 64% inferior a nov/23. China 2 - Nos quatro primeiros meses do ano comercial 2024/25, o total é de 483 mil tons - menos da metade do total importado no mesmo período de 2023/24. China 3 - Com a produtividade maior na safra 2024/25 de algodão, o Ministério da Agricultura chinês ampliou para 5,9 milhões tons a estimativa de produção. China 4 - Desde 17/dez, turistas de 54 países (incluindo o Brasil) podem ficar até 10 dias (240h) na China sem necessidade de visto. A nova política chinesa vale para 21 aeroportos internacionais distribuídos em 24 províncias. EUA 1 - A colheita da safra 2024/25 nos EUA praticamente encerrada, os produtores acompanham as precipitações de inverno para viabilizar a próxima safra. EUA 2 - O USDA já classificou 85% da safra americana. Restam 276 algodoeiras ativas das 466 do país. Paquistão - A Abrapa e a Anea planejam uma missão ao Paquistão em fev/25. O país tem estado ativo nas compras, já que os estoques disponíveis da safra local não ultrapassam 1 milhão de fardos. Vietnã 1 - Em nov/24, o Vietnã importou 10% a mais de algodão que em nov/23, atingindo 132 mil tons. É o maior volume mensal desde mai/24. O Brasil respondeu por 44%. Vietnã 2 - No ano comercial 2024/25, as importações somaram 512.532 tons, das quais 28% foram do Brasil. Bangladesh - Com alta de 4% em relação a out/24, a importação de algodão em nov/24 em Bangladesh foi de 116 mil tons. No ano civil (jan/nov), o volume acumulado é de pouco mais de 1,5 milhão tons – dos quais 18% saíram do Brasil. Índia - Na Índia, a importação de algodão em out/24 foi de 62 mil tons, pouco maior que em set/24, mas 5 vezes (5x) superior a out/23. O Brasil forneceu 10.026 tons – volume 111,5% acima do registrado em out/23. Indonésia – A importação de algodão na Indonésia em out/24 somou 36 mil tons. A Austrália forneceu 40% desse total e o Brasil, 39%. De agosto a outubro, os indonésios importaram *118 mil tons *. Austrália - Com o fim do beneficiamento e da classificação do algodão australiano da safra 2024, o foco fica nas exportações, que seguem até abr/25. Exportações - As exportações brasileiras de algodão somaram 157,7 mil tons até a 2ª semana de dezembro. A média diária de embarque é 10,1% menor que a registrada no mesmo mês de 2023. Beneficiamento 2023/24 - Até ontem (19/12), foram beneficiados nos estados da BA (98%), GO (99,25%), MA (93%), MG (98%), MS (100%), MT (88,78%), PI (97,33%), PR (100%) e SP (100%). Total Brasil: 91,19% Plantio 2024/25 - Até ontem (19/12), foram semeados nos estados da BA (51,3%), GO (70,4%), MA (14%), MG (60%), MS (79%), PI (49,27%), PR (90%) e SP (65%). Total Brasil: 14,29% Preços - Consulte tabela abaixo ⬇ Quadro de cotações para 19_12 Este boletim é produzido pelo Cotton Brazil, iniciativa que representa a cadeia produtiva do algodão brasileiro em escala global. Contato: cottonbrazil@cottonbrazil.com
Brasil conquista em 2024 o posto de maior exportador mundial de algodão
20 de Dezembro de 2024Com a missão de posicionar o algodão brasileiro no mercado internacional, o programa Cotton Brazil, da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), conclui o ano de 2024 de forma histórica. Ao fim do ano comercial 2023/24, o País se tornou o maior exportador mundial de pluma – antecipando uma meta que estava prevista para 2030. A união de forças e a atuação estratégia ajudam a explicar o resultado. “O caminho da sustentabilidade na moda e no consumo passa pelo algodão, uma fibra natural, reciclável e com menor pegada de carbono. Disseminar essa ideia e mostrar como o Brasil pode contribuir para esse cenário mundial tem nos ajudado a ter grandes conquistas”, analisa o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel. A estratégia tem dado bons frutos. No ano comercial 2023/24, que foi de agosto de 2023 a julho de 2024, o Brasil embarcou 2,7 milhões de toneladas de algodão – 85% a mais que no ano comercial anterior (2022/23). Com isso, o País forneceu 28% de toda a pluma comercializada no período, ampliando em dez pontos percentuais (10 pp) a nossa presença no mercado mundial. Na análise do ano civil de 2024, os resultados também são positivos. “Se a média dos últimos três meses se mantiver em dezembro, o Brasil pode fechar o ano de 2024 batendo a marca dos US$ 5 bilhões exportados. De qualquer forma, já superamos o recorde anterior, de 2022, quando o País registrou US$ 3,7 bilhões de receita com o comércio exterior”, observa o diretor de Relações Internacionais, Marcelo Duarte. Duarte coordena de Singapura o programa Cotton Brazil, que ao longo de 2024 realizou 9 missões internacionais em diferentes países importadores. Ao todo, o Cotton Brazil impactou cerca de 4.500 stakeholders neste ano, com a realização e participação em 34 eventos e relacionamento junto a 20 países. A união do setor produtivo do algodão é outro ponto que contribui para os bons resultados do programa. “O Cotton Brazil, propriamente dito, é a união da Abrapa com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea). Mas muitos outros players do mercado estão conosco nas nossas iniciativas”, afirma Duarte. Seja em eventos setoriais estratégicos internacionais, como o congresso anual da International Cotton Association (ICA), ou em ações nacionais como a Cotton School, a Abrapa mobilizou marcas como a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e as associações estaduais de cotonicultores. “Outro apoio fundamental veio do Governo Brasileiro, via Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e Ministério das Relações Exteriores (MRE)”, destacou Schenkel. Do Mapa, o Cotton Brazil conta com a rede de adidos agrícolas, e do MRE, com diplomatas e embaixadores – principalmente nos países prioritários do programa (Bangladesh, Coreia do Sul, China, Egito, Índia, Indonésia, Paquistão, Turquia e Vietnã).
Rastreabilidade identifica origem e qualidade do algodão brasileiro
20 de Dezembro de 2024No dicionário, a definição de rastreabilidade é “programa de acompanhamento sistematizado de um produto, desde sua origem, passando pelo processo de fabricação e manuseio, até o seu destino final”. Para a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a rastreabilidade é um compromisso, e se materializa em dois programas, o Sistema Abrapa de Identificação (SAI), o mais antigo instituído pela Abrapa, ainda em 2004, e o inovador Sou Algodão Brasileiro Responsável (SouABR), que une à rastreabilidade, um outro importante pilar da associação, a sustentabilidade. O SouABR, primeira iniciativa de rastreabilidade em larga escala na indústria têxtil do Brasil, garante o rastreio de cada produto produzido com o algodão brasileiro certificado. Através da tecnologia blockchain, presente no QR Code que vem nas etiquetas, o consumidor pode conferir todo o trajeto da peça, da lavoura até o guarda-roupa, além de obter informações sobre a certificação socioambiental da origem da fibra. Em 2024, foram rastreadas 187.043 peças de cinco varejistas, entre eles, a C&A que já utiliza a tecnologia nas coleções de calças jeans. Seu ineditismo e eficiência garantiram ao programa SouABR o reconhecido do Prêmio ECO AMCHAM 2024, promovido há mais de 40 anos pela Câmara Americana de Comércio. A iniciativa foi laureada na categoria produtos e serviços, no escopo do projeto “Jeans Rastreável” com o uso de blockchain, desenvolvido pela C&A Brasil, em parceria com o movimento Sou de Algodão, iniciativa da Abrapa. Outras marcas têm aderido. Em agosto passado, a Döhler se juntou ao SouABR e lançou as primeiras toalhas rastreáveis do Brasil. Fardos rastreados Além do rastreio de produtos feitos a partir do algodão, também é possível rastrear cada fardo da fibra produzida no país. O Sistema Abrapa de Identificação, SAI, funciona por meio de uma etiqueta que é fixada ao fardo assim que a algodoeira processa o beneficiamento. Com ela, é possível ver com precisão a fazenda onde a fibra foi produzida, a usina na qual foi beneficiada e até o laboratório que fez sua análise de qualidade. E não para por aí. As etiquetas trazem muitas outras informações, como os índices de análise instrumental por alto volume (HVI), as certificações pelos programas Algodão Brasileiro Responsável (ABR), ABR-UBA e Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB) e o licenciamento pela Better Cotton (BC). Os números impressionam. Atualmente, existem 249 unidades de beneficiamento de algodão ativas em dez estados do Brasil. O SAI recebeu 380 pedidos de etiquetas e lacres de mala, gerando um total de 18.268.507 etiquetas SAI e 247.308 lacres emitidos. Sobre as etiquetas, 42% delas foram produzidas em vinil e 58%, em bopp. Já os lacres, foram 45% impressos em vinil e 55%, em bopp. Os meses de março, abril e maio responderam, respectivamente, por 14%, 55% e 22% do volume anual de pedidos de etiquetas e lacres, impressos e entregues por três gráficas parceiras homologadas, IGB, Grif e Prakolar. A próxima operação do SAI será iniciada em 1° de março de 2025. Com a estimativa de 5,8% de aumento na produção de algodão, a previsão é de que sejam emitidas, considerando a área, mais de 19 milhões de etiquetas. É a rastreabilidade conferindo transparência, para que o comprador – seja ele a fiação ou o cliente da loja – conheça a fundo o que está levando e possa fazer boas escolhas.
Qualidade que conquista o mundo, do Brasil ao Egito
19 de Dezembro de 2024O Brasil vem escrevendo uma nova história em sua cotonicultura desde os anos 1990, com o algodão nacional se destacando por sua excelência e inovação. Em 2024, a pluma brasileira alcançou o topo do ranking como maior exportador mundial e, no ano anterior, conquistou um novo mercado: o Egito, símbolo de algodão de qualidade. Essa trajetória de sucesso é fruto de dedicação, investimentos em tecnologia e aprimoramento contínuo de processos. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) tem liderado esse movimento com iniciativas estratégicas, como o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB), que, neste ano, certificou 4,3 milhões de fardos, com bons índices de conformidade. Além disso, o setor registrou avanços significativos com a aquisição de modernas máquinas de análise instrumental, acreditação de laboratórios e aprimoramento de sistemas de gestão. Esses investimentos asseguram precisão e confiabilidade das análises ao longo de toda a cadeia produtiva, desde o campo até o mercado nacional e internacional. O algodão brasileiro é, hoje, muito mais do que uma commodity. É um exemplo de superação e trabalho para transformar desafios em conquistas. Com cada fardo que cruza os oceanos, o Brasil reforça sua posição como um dos grandes protagonistas no agronegócio mundial. Programa Standard Brasil HVI Os laboratórios participantes do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) apresentaram melhorias significativas em seus sistemas de gestão. O desafio, agora, é alcançar o nível de excelência em todos os instrumentos. Neste ano, a taxa de checagem deles chegou a níveis impressionantes, com 98% de estabilidade em 10 dos 12 estabelecimentos avaliados, sendo que alguns atingiram 99%. A compra de duas máquinas de análise instrumental Classing Q Pro, da Uster, pelo Centro Brasileiro de Classificação de Algodão (CBRA), teve um papel crucial na produção de amostras de checagem e no aumento da confiabilidade das análises. Essas ferramentas são fundamentais para aprimorar o monitoramento da qualidade intrínseca do algodão brasileiro. Além disso, nos últimos 12 meses a equipe do CBRA realizou sete treinamentos e workshops focados em qualidade e visitas orientativas a todos os laboratórios participantes do programa. Desempenho Superior No Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB), 4,3 milhões de fardos foram certificados este ano, com o índice de aprovação de amostras de 95%, desempenho superior ao registrado no ano anterior e evidenciando a eficiência e confiabilidade do programa. Lançado oficialmente em 2023, o PQAB utiliza como base o Standard Brasil HVI (SBRHVI), agregando a certificação de amostragem e o controle externo realizado por fiscais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Esse é o sistema oficial do governo brasileiro que certifica os indicadores de qualidade do algodão produzido no país. O CBRA qualificou 98 inspetores de Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBA) sobre requisitos legais do PQAB, como a Instrução Normativa 24 (IN24), que regulamenta o algodão em pluma, e a Portaria 375, que define critérios para certificação voluntária de produtos de origem vegetal. Também foram capacitados 41 profissionais de laboratórios nas melhores práticas no programa. Participação Internacional A Abrapa reforçou sua presença em eventos internacionais de alta relevância técnica. Deninson Lima, especialista em análise de pluma do CBRA e Quality Expert por ICA Bremen, representou o Brasil na Conferência Internacional de Algodão em Bremen, na Alemanha, e na Conferência de Padrões Universais de Algodão, em Memphis, nos Estados Unidos. Avanços em Acreditação e Gestão Os avanços em acreditação de laboratórios também foram notáveis. Além do Laboratório de Classificação Visual e Tecnologia da Fibra de Algodão da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa) e do CBRA, o laboratório da Associação Sul-mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampasul) foi avaliado conforme a norma ISO 17025, este ano. O CBRA mantém sua posição de referência com certificação ICA Bremen, acreditação pela Cgcre/Inmetro e habilitação pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Qualidade da fibra Entre as características intrínsecas da fibra avaliadas nas análises por instrumentos de alto volume, houve avanços em índices como resistência, comprimento UHML, uniformidade, índice de fibras curtas e grau de reflexão, no ciclo 2023/24. Nota Técnica sobre Contaminação Ponto de atenção para desafios como pegajosidade, fibras curtas e contaminação por plásticos e seed coat, que impactam diretamente a competitividade do algodão brasileiro no mercado internacional. Para mitigar o problema de contaminação, o CBRA realizou uma publicação de uma nota técnica sobre o tema que reforça a importância de manter altos padrões de qualidade intrínseca e extrínseca, associados a baixos níveis de contaminação, garantindo maior competitividade no mercado internacional. Os avanços em qualidade e conformidade obtidos pela Abrapa em 2024 refletem o compromisso contínuo com a excelência de seus processos, consolidando o algodão brasileiro como uma referência no mercado global.
Cotonicultura Brasileira avança na descarbonização
19 de Dezembro de 2024Meses após se consolidar como a maior exportadora de algodão do mundo, o Brasil deu um passo pioneiro rumo à descarbonização da sua cadeia produtiva. Graças à Footprint PRO Carbono, desenvolvida pela Bayer em parceria com a Embrapa e a Abrapa, a pegada de carbono do cultivo de algodão foi mensurada pela primeira vez no país, utilizando dados primários de produtores de Mato Grosso. A calculadora, que já avaliava cultivos de soja e milho, revelou uma emissão média de 329 kg CO2 eq/t de algodão, com potencial de redução de até 32%. Essa iniciativa também busca estabelecer uma referência nacional para emissões na cadeia do algodão, incluindo derivados como óleo e biodiesel. O presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel, destacou que o objetivo é fortalecer a posição do algodão brasileiro no mercado global e no programa Renovabio. A parceria técnica envolve ainda a Abiove, que integra dados de agricultores da Bahia e Goiás na fase inicial do projeto, reforçando os atributos sustentáveis da produção nacional. Além do algodão, a Footprint PRO Carbono já está sendo aplicada na sojicultura. Em Santa Catarina, a Cooperalfa terá a pegada de carbono de seus grãos de soja monitorada a partir de 2025, abrangendo 5.000 hectares na primeira fase. A expectativa é alcançar emissões de 383 kg CO2 eq/t com intervenções agrícolas, demonstrando a eficiência do sistema brasileiro frente à média internacional. O programa PRO Carbono também avança na inovação tecnológica com o Modelo Preditivo PRO Carbono, desenvolvido pela Bayer e Embrapa. Essa ferramenta promete simular a dinâmica de carbono no solo, reduzindo custos de análises e promovendo a agricultura conservacionista em larga escala. A validação internacional do programa, como no Scope 3 Standard Program da Verra, consolida o protagonismo do agronegócio brasileiro na mitigação climática e no mercado de carbono global.